abaixo a poesia. Viva a Vida.
ORIENTAIS, ESTAMOS AO ORIENTE DO ORIENTE.
OCIDENTAIS, ESTAMOS AO OCIDENTE DO OCIDENTE.
SOMOS NÓS O ORIENTE DO ORIENTE,
SOMOS NÓS O OCIDENTE DO OCIDENTE,

Nada de vós poderá nos guiar.

Diziam os profetas antigos, repetem os contemporâneos e os medievais: “Poetas, poetas! Cantar o mar é ser poeta, viver é ser marinheiro.”. Agora, poetas, poetas, vedes: marinheiros sois.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A medida do amor eh amar sem medida. (Sto. Agostinho)

e se a taça transborda
a gente oferece pro Santo um tiquinho
que Santo merece e gosta.
coisas do Brasil que a gente conhece
e aposta. 
viva o amor sem medida
felicidade sem pressa
em estado de graça
que até Santo Agostinho concorda!

colonização da Europa


inacabada a cena. rompe-se o ato. o sol nasce. amarela a minha face.
quem dera fosse possível.
tenho que falar como se estivesse aí, contigo.
um sinal, um abrigo nas tuas mãos.
a concha que cabe do abraço,
estamos perto, vc sabe.
um cansaço nos braços.
não tensiono, nem relaxo,
sigo os caminhos da espanha
nos compassos de um violão.
inacabado. palavra que faz sentido
quando passam teus dedos nas minhas mãos.
todo o dia é dia de colonizar a Europa
com a dívida da vida do mundo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

serena, respira.

entre porto curitiba alegre


nostalgia. porto alegre é uma cidade nostálgica. o verão é muito quente, o inverno é muito úmido. a neblina cobre a cidade. tateamos as pessoas nas ruas, e só quem tem coragem de enfrentar o frio leva e traz ar pros pulmões. poetas vivem no ofusco da cidade.
curitiba seria pior, se o verão não fosse tão agradável e os loucos tão inatingíveis.
 
Flórianópolis, 25 de dezembro de 2010.

o silêncio da eternidade

talvez seja mais uma teoria sobre as origens da paz.
porque somos capazes de silenciar quem somos em nome do amor e da amizade?
por que somos capazes de amar
e isso é a única coisa que faz diferença.
silencio na nova frase o que te digo para a eternidade.

há inundação de água da vazante

Do passado já sei.
Agora é que falo, o presente e o futuro.
É desafiante apostar no inexistente,
apostar que sou aprendiz,
apostar numa expectativa minha,
intra-uterina ou ancestral,
ou criada quando eu era menina, não sei.
mas, há uma expectativa minha para um ideal,
(vc tem esse tipo de expectativa?)
e algo me convence de que existem pessoas especialmente capazes de nos completar.
mas, não uma completude finita,
antes completar-se infinitamente,
resposta para além de duas pessoas.
acompanhar-se em responder "ao mundo", até que a morte nos separe.
é possível olhar nos olhos do mundo e, hoje, ver a perfeição?
ou mais próxima dela do que tudo que já houve?
algo que lhe convença inteira de que é possível?
quero perfurar os diques.
abri as janelas da casa,
a paisagem está até o horizonte.
mas, para o que deveria ser terra seca
há inundação de água da vazante,
contrariando as leis das marés.

do core a boca

que às tuas palavras se antecipe teu coração
de modo que te falte tempo para articular mentiras
e verdades inteiras.
quero te ver tropeçando na falta de expressão dos teus versos
pois que engasga a palavra necessária
e deixa-me navegar em sede.
resseca a tua língua antes da minha
choras a palavra que omites
resseca tua língua que já nasce seca de coração.
tropeça essa mesma língua
na verdade da obscuridade da ingratidão.
por que a vida é bela
a tua vida é bela
e tu nao precisas de alguém
para roubar-te ou matar-te dela.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

beijo sustenido

você preenche a noite
com a certeza de não estar só
acompanha a festa, a ceia, a cereja na taça
o brinde que te safisfaz me abraça
me abraça
me abraça
acompanha as estrelas na varanda vazia
no som dos fogos de longe
teus olhos, teus olhos acompanham
eu pressinto
o vento ainda pode ser bom esta noite.
esquece o poema ou abandona o festejo
pega a minha mão, eu não te vejo
mas te ouço
te ouço rindo de nada
ouço caindo
a lágrima do teu rosto
eu beijei
pensei que era a melhor forma
de te fazer parar de chorar.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

um pote sagrado é esvaziado

Perdôo o demônio para deleitar-me com Deus.
Perdôo a inveja para viver o amor.
Perdôo o egoísmo para estabelecer a compartilha.

constelação de nuvens brancas
o céu não é o mesmo.
um pote sagrado é esvaziado.
corpos apodrecidos são guardados pela terra.
três semanas antes que o fétido silencie.
dois meses e o perfume da flor renasce.
estrelas derramadas em lágrimas.
vaga sem estrelas nos olhos:
eis o ventre do cosmos, vazio.
a humanidade gera segundos.
respira o escuro dos olhos fechados
fonte eterna das estrelas
o sorriso das lágrimas
verte paraísos.
um pote sagrado é esvaziado.
perdôo "demônios"
por que me interessa "deuses".
perdôo a inveja por que me interessa o amor.
perdôo o egoísmo por que me interessa a compartilha.
perdôo o assassinato por que me interessa a eternidade.
perdôo a doença por que me interessa a felicidade.
perdôo os homens por que me interessa a humanidade.
perdôo as mulheres por que me interessa a plenitude.
perdôo o pecado, por que me interessa o prazer.
perdôo o natal por que me interessa o ano inteiro.
permita-me viver entre esses e longe daqueles.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

NÃO SEGURA! NÃO ME SEGURA!
NÃO ME SEGURA QUE EU TO PUTA!
Preciso dar umas PORRADAS NA CARA DOS LIMITES DO MUNDO!
Vem cá sua coisa podre, mesquinha, medrosa, mediocre, hipócrita, preponte
e corrupta! VEM CÁ QUE EU VOU QUEBRAR TUA CARA NA PORRADA!
a cada dia a música chega mais perto.
vem, entra:
anunciada.
seremos eu e tu
o mundo por extensão
e mais nada.

pague e leve.

venha o vento, venha o mar. é tão bom sentir alguém devorar os meus limites. devora-me! cala a minha voz. silencia os meus sonhos como se não houvesse nada maior do que tu. é bom amar mergulhando na estreiteza, na pequenez desse amor humano. é bom entregar-me pra isso como isso fosse o meu (, o nosso?,) tamanho.
obviamente o limite explode quando se desajusta a imensidão numa certa noção de estreitamento. nesse caso, a morte é imprescindível. morre-se por que a fé definha ao primeiro titubeio da perfeição. morremos. e suposta, a perfeição titubeia por que se presume forma perfeita. e digo: não exista. perfeição é uma direção, um sentido. a forma é consequência. assim, todas as formas são perfeitas desde que concebidas na direção que as une às expectativas correspondentes. ultrapassemos as expectativas e sejamos perfeitas para além delas. invertemos a ordem, quem vem primeiro é o que ultrapassa as expectativas. as expectativas do mundo seguem-nos. elas vem depois. eis: a perfeição.
ora, que se não for eterno, se não for perfeito, será apenas: apenas. ainda que ser apenas seja o máximo do melhor possível. os teus gestos tremem.
amar é definitivamente ter nada. ausência absoluta de posse. por que a vida é assim, não se tem a vida como propriedade, ainda que uns exerçam certo controle sobre outros num jogo banalizável.
é-me permitido possuir. não me é permitido é ser possuída. como são coisas interdependentes, excluo a posse que não me pertence.
tendo nada, amar é definitivamente ter tudo. apropriar-se de tudo quase como se o eu não existisse diluído em todas as suas partes.
totalizada. nesse momento vem a vida em êxtase. mesmo que sua humanidade tenha um certo prazer pela miséria, pela fraqueza. voltam olhos aos rastejantes que representam sua própria miséria, pautando a falácia da distância entre estes e aqueles. os primeiros não são tão ruins, por que os outros são ainda piores. e se orgulham dos perfumes das economias dos laboratórios piratas de biotecnologia.
perfumes hipócritas no cangote da namorada apaixonada. que vai sofrer quando descobrir que não tem perfume, não tem paixão, não tem nada. amar é não ter nada. mas a felicidade dos que acreditam na sede é beber água. ela bebe, ele bebe, até o instante seguinte. necessidades são cíclicas. exaltadas, são permanentes.
ainda assim, nesse momento, vem a vida em êxtase. por que o êxtase é maior que a vida. em todos os momentos vem a vida em êxtase, ainda que teus olhos não vejam, a pele não sinta, a boca não confirme, os ouvidos não ouçam e o sexo não viva.
em todos os momentos a vida vem em êxtase!
essa vida em êxtase escolhi velejar. bons vinhos sul-americanos e sul-africanos, bons perfumes amazônicos, bons alimentos orgânicos, bela paisagem da Terra sem Mal, do Lago de Leite.
Profecias indígenas em minhas tranças rastafari e luzes nos cabelos castanhos.
Brincos de cristais, óculos da moda, escolhidos pelo balconista que sabe mais disso do que eu. roupas apresentáveis de algodão cru e milho guerreiro. surfo sobre as ondas do alvoroço de natal e ano novo. não mergulho nesse angú-de-caroço. divirto-me com a felicidade e com a decepção que assisto. fazer o quê?
navegar é preciso, não é preciso viver.
não tenho televisão e a internet já tem regurgitado tanta comida podre que essa gente engole!
respiremos. voltemos à antropologia. não como categoria, mas como amor e diversão.
velejo e escrevo. a vida é um êxtase e isso tem seu preço: pague e leve.
pago o amor perfeito-eterno com antropologia e música.
a poesia não me pertence. sou eu a própria poesia.
mais atenção ao que lhe desafia.
a negligência é imperdoável na física do mundo material.
respiremos, voltemos à antropologia. não como categoria, mas como amor e diversão.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

o preço da liberdade dos beija-flores é morrer lançando o corpo contra as grades. não se tem nem o pássaro livre, nem o pássaro preso. espero que eu seja poupada pela morte dos que não suportaram viver aprisionados. e os honrarei em cada instante que puder lançar meu corpo em vôo livre como me ensinam eles.

poesia só serve se fizer alguém acreditar no que se diz. a minha parte é anunciar uma certa plenitude e felicidade para a vida humana.
pode ser difícil convencer alguém de que é possível a plenitudade e a felicidade humanas, mas considero que tenho a meu favor a fatalidade da morte.
Paz Doris! Pra vc.
estamos certas.
decidimos sempre a coisa certa.
a hora e o lugar
por que agimos com a sensação
de acreditar

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

vamos provocar o desgaste até que o último nervo estressado revigore.
a vida é muito maior que o fim.
questão de gênero.
mergulho profundo e brusco na realidade sem ti.
estou fazendo o dia nascer
para a humanidade inteira.
quando a luz estiver toda no céu do dia
e a humidade da noite na areia se acabar
vou ter contigo.
me aconchega em teus braços
preciso dormir, acordei tão cedo.
no meio da manhã faz o que falta da minha noite inteira.

benzimento

vais arrancar algo de mim?
leva as pedras de qualquer medo que eu tenha de ser roubada de mim.
estas já são tuas.
 para ser Oxalá
é preciso não ser.

enquanto ouvirmos
o canto a Oxalá
seremos felizes.
quando estivermos
tocando os Pés de Oxalá
seremos deuses.
 
nunca pensei que pudéssemos estar assim
simultaneamente
coisa sincrônica essa experiência
uma mudança de ambientes dançam entorno da gente.

transgenerosidades.


quer compreender o espírito, toca a minha pele
que acessar a inteligência, beija minha boca
quer dar a luz à deuses, tem prazer comigo.

crase e transgenerosidade,
plurais por que singulares
ora, quantas vezes já disse que vou te amar pra sempre.
somos iguais a toda gente.
somos em tudo diferentes.

corria exausto com medo de que o poema fosse roubada.
quem dera fosse escondida por dentro da blusa,
no bolso
no fecho entreaberta
da bolsa.
sairia do recinto

uma intruso ventania
às pressas sutis
quase imperceptíveis.

leva meu poema roubada
ladra minha ladrão
lava minha coração.

domingo, 19 de dezembro de 2010


adriano, jake, marcelo, sabrina, ricardo
cinco em Nhandewa inicia o incontável, ou desnecessário contar= a partir daí todo o acréscimo é muitos! cinco, e para mais que cinco, não é númeral. Muitos, muitos, poucos, tudo, nada, preenche a idéi...a de quem sente na intensidade de quem fala. Meu amor é cinco!

sábado, 18 de dezembro de 2010


declaro que minha poesia não definirá mais gênero
digo menina lindo, belo menina
menino bailarina, dançarina menino
não comprometerei as palavras
nem minha poesia
quero falar com seres com ascendentes humanos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

de céu azul vive a humanidade
depois de dois dias de chuva
e mais dois de verão com frio.

isso, há quem chamasse
maturidade da poética.
de céu azul vive a humanidade
depois de dois dias de chuva
d mais dois de verão com frio.

isso há quem chamasse
maturidade
da poética.
se vc quer saber o que pode acontecer depois das três da manhã
venha viver pra ver, venha viver
quem inventou o destino menina, desafina!
até curto tempestades, mas nada como uma noite enluarada e um vento calmo, e o aconchego do rugido de mar que só se faz notar quando há silêncio.
minha poesia por ti
é amor.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

apologias do amor eterno

ressucitou na terça-feira
ainda que na sexta-feira
julgasse ter morrido

*

está no céu
hoje é quarta
na Terra sem Mal
chegará no domingo.

chocolate, cupuaçu
e caldo-de-cana
manga, tapioca
adoro jabuticaba.

*
entras se te toco com os olhos do tato
atravesso a distância entre entre nossas telas
sobressalta teu coração acelerado na pele dos meus seios
na terra do meu peito
alastra teu amor em mim.
estou pronta pra viver
estou pronta pra te receber
estou pronta pra te amparar
estou pronta pra quando tu chegares aqui
estou pronta pra deixar de ser em mim pelo teu prazer
estou pronta pra continuar em mim também pelo teu prazer
estou pronta pra rir do teu modo de ser
estou pronta pra te fazer rir de mim
estou pronta pra me exaltar
estou pronta pra viver
estou pronta pra amar
estou pronta pra eternizar.
muito antes que nossos nomes fossem pronunciados, havia um destino compondo a possibilidade do encontro. desde os tempos mais remotos.
no tempo ainda não tão recente, consigo ver os vestígios da tua presença. algumas décadas antes de nascermos.
quanto mais recente o tempo, mais próxima a forma como aconteceria se manifestava:
uma beleza transcendente, um encantamento de trovões, luzes da noite aos sóis que nascem e se põem.
identifiquei a essência que cativa teu olfato e me tornei o hálito dos cheiros do teu desejo, a memória da areia molhada, a luz das imagens que te chamam, as palavras que te revelam em mim.
vem: aspirando o ar, a textura, a luz, a cor, o sentido que te traz em essência.
o que em ti deve vir, há muito já está aqui.
aprende a deslizar e voar sobre o mar. o vento, as marés e as luzes diversas do céu do tempo dos tempos sentem falta de ti.

*

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

o medo é a primeira forma do desejo enjaulado se manifestar.


transforma
altera
muda
supera
vai além.
volta.
 
o limite da lua que inicia seu minguante.
o transbordamento do vaso.
a tempestade no limimiar da explosão primeira.
rompe a biosfera, ejeta o ar
a condição insustentável de esgotamento de significado.

evita o colapso
sente.
sou feita de desejá-la.
amplia em mim o trato da palavra dita
enrolo a língua como o som do novo acompanhamento
percuto o fôlego, suspiro com o nariz
tropeçar nela
e estar entre o chão e o seu equilíbrio
liberta poesia
liberta poesia
poesia, liberta!
dançar, dançar, dançar
essa que não tem limite
eu acompanho.
engraçado, será que pra todo mundo existe uma mulher que é acima das expectativas de seus olhos e ouvidos?
uma mulher assim está dentro de mim que a desejo.


 
 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Madrepérola

Mãe minha, guarda-me em teu ventre de Madrepérola
até que todos os vestígios meus que me fizeram existir
e feriram desconfortavelmente tuas mucosas
sejam partejados de ti em mim. 
seja eu luminosa,
prateada num corpo perfeitamente circular.
diâmetro estável
que conecta todos os extremos em sua ausência completa de ranhuras,
quero acariciar suas formas mais íntimas
e ser o corpo que merece te viver por dentro.
Tua pérola.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Arte é Poder

refletir, pensar a arte, pensar, refletir a poesia é uma maneira de desconstituir a estética das políticas que investem na sedução da forma como estratégia de controle, exploração e dominação. não pensar a poesia é estancar os ruídos do mundo por que a revolução mais profunda é a estética. as referências para o exercício do direito, do dever e do preconceito são estéticas. as aparências não enganam. as violências simbólicas e físicas são estéticas. arte é poder.

tenho acariciado preenchimento da distância
que não é ausente
vaga entre dois pontos no espaço

sábado, 11 de dezembro de 2010

um dos Pajés com quem trabalho fala muito bem de Jesus, disse que se Jesus não tivesse morrido esse mundo já teria acabado. como ele morreu, então as coisas perduraram. mas, agora não tem jeito, esse Pajé já pediu para o mundo acabar. mas, ele não acredita no fim do mesmo jeito que "nós". acabar pra ele significa transformar.

brindemos à perfeição homossexual

*
Os muito héteros que me perdoem,
mas homossexualidade é fundamental.
é preciso qualquer coisa de reverso,
qualquer coisa de igual,
qualquer coisa de amor que cala a marca da diferença
mais evidente
que fala ao espelho, que é seu duplo
que tudo o que pode ser dito contra
também pode ser a favor.
é preciso qualquer coisa de cúmplice por natureza
por condição hormonal.
e abre seus olhos sensíveis pros "outros",
já não tão outros assim.
por que complementar
já não é mais coisa particular de um casal
o mundo é nosso complemento.

*
Obrigada Vinicius de Moraes. Enfim, nunca gostei tanto do que dizia o poema.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

o que temos a perder? esse é nosso preço: o valor de nossa moeda.

[...] qual é a fronteira entre o "eu" e o "outro"?
Se a paisagem não é bela, de certo que também não pode ser de todo feia.
Olha os detalhes, sugiro compaixão.
comovo.
é a mesma Terra que treme agora sob meus pés.
Quer saber?
PAZ.
Conjunção astral são ângulos que se formam entre astros no céu.
conjunção é quando se juntam, sempre pensei que fosse bom reunir.
o que temos a perder? esse é nosso preço: o valor de nossa moeda.

da estreiteza do caminho vale a mestria.

como se pudesse separar - pararia o tempo pararia o ar

Você pediu amor eterno
pra sempre
pra sempre

Eu, perfeito.

olha a cara que tem a gente.
Amor-perfeito é Eterno.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

a vida é um sôpro
boca da tua paz
beija, respira, bebe, mastiga,
chupa, sorri, fala,
engole, morde, gospe,
fofoca, tritura, escarra,
sopra, canta, reza
mente, conta, treme.
*

m    usa
de   usa


*

minha boca
tua paz.

domingo, 5 de dezembro de 2010

corpo segundo. flagelado pela noção de divisão: reúne.

ORIENTAIS, ESTAMOS AO ORIENTE DE VOSSO CONTINENTE;
OCIDENTAIS, SOMOS OCIDENTE PARA VÓS.

Acompanhem o corpo que flagelado pela noção de divisão, reúne.
O que vem de vocês não poderá guiar em conjunto.
Cada um de vós sois apenas uma parte.
Ocidentais, Orientais
acompanhem-nos, vibrem à nossa voz,
dancem aos nossos sons,
sejam as cores que são nossas,
sejam em nós a beleza da humanidade
inteira, perfeita, completa em todas as suas partes.

NÓS SOMOS O ORIENTE DO ORIENTE,
NÓS SOMOS O OCIDENTE DO OCIDENTE.

sábado, 4 de dezembro de 2010

a mulher que brota do teu coração

surgirá uma mulher aconchegada no teu peito
brotada do teu coração
surgirá uma mulher que se misture,
entre nos teus veios e vaze no teu corpo inteiro
será o amor de todas as mulheres visto em uma apenas
um instante na eternidade.

um sol doudorado por trás do verde do fundo das águas.

aprendendo a descer e subir, sentir calafrio no estômago com a queda.
apredendo a flutuar e submergir
um sol dourado por trás do verde do fundo das águas.

Da origem, germinação e enraizamento do amor

_)_)_)_)_)_)_)_)_)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

é como se eu tivesse existido, mas não soubesse por que, ou como existiria.
daí existe
você que me dá nome, me dá cor, me dá vida, me dá ouvidos.
é teu o meu nome, é tua a minha cor, é tua a minha vida, são teus os meus ouvidos,

teu
é
meu
a-
mor.


)_)_)_)_)_)_)_)_)_)_)_)_))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

primeiro corpo. flagelado pela noção de divisão: reúne.

*

sigo a "minha" palavra
o "meu" caminho
o "meu" destino

as mulheres e os homens são todos iguais.
e se eu não for igual,
não poderei ser diferente.
o que pode significar ser "nada".


*

dos erros

me entreguei pros erros.
até que o mundo visse com sua cara insossa essa mulher frágil, magra, nua, pobre, feia, suja, irresoluta.
os erros são coletivos! não existem erros individuais.
os acertos, sim, podem ser individuais.
e isso já é um erro.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"pra sempre"
tremo diante do desconhecido
rio diante do desconhecido
choro diante do desconhecido
me engole desconhecido!
me engole inteira
que meu destino
é o que não imagino
como possa ser.
que prazer seja meu destino.
[rogo. rezo, peço, oro. é o que consigo fazer quando a dor me impõe seu pulso.]

anjo

meu coração em pedaços.
encerra essa bomba nas mãos
deixa que exploda entre teus dedos de aço.
desarma isso.
desconecta os fios explosivos.
verde, rosa, amarelo, preto.
qual será o que me dá o direito de continuar sem dor?
vou virar um foguete, colocar essas bombas embaixo dos pés
e num impulso único atravessar a atmosfera sem asas.
gravito
preciso me transformar em anjo.
sim, me transformo agora em anjo de corpo humano.
essa é a outra parte do poema.

do avesso

quero ser a bailarina que dança semi-nua com voz de menino
rebola o dorso nas tuas mãos
quero ser livre no meu desatino desconfigurado
do tempo, do sexo, da cor
quero inverter teus passos másculos
te cobrir do avesso
pelo direito de te expulsar de mim.
o barco está atracado,
volta.

asas de borboletas desfilam sobre as flores serenas diante do abismo.

perdoemos as culpas!
chuva forte vem lavar o mal cheiro das poças de sangue e urina
lava a podridão das ruas
e a solidão do fedor dos mendigos
asas de borboletas desfilam sobre as flores serenas diante do abismo.

porque me chamaste se não virias?

agora sou o ar
o ar inerte
sou a existência
impossível
absurda
agora morro
e renasço
não posso colocar ponto final em mim
nem posso abrir uma nova frase
há de aparecer outro deus, outra deusa
a criação de mim mesma não me pertence
pelo menos, não me é exclusiva
o pouco que me cabe é continuar
transitando sem forças nos braços
morimbunda como tu me deixaste
sem teu tempo, sem teu corpo, sem teu momento.
sem tua continuidade.
porque me chamaste se não virias?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

como foi que eu cheguei aqui?

a minha dor é a mais verdadeira que existe
não pestaneja, não engasga, não desafia
a minha dor nasceu de madrugada aos meus pés
a tua cabeça sob a luz da espada, aos meus pés
quem me recolheu de ti? pra onde foi que eu fugi?
pra onde foi, que eu não vi como foi que eu cheguei aqui.
solo de flauta doce.

não tem palavra que a diga

abaixo a poesia
viva a vida.
 
a minha flor não tem nome
não tem palavra que a diga.