abaixo a poesia. Viva a Vida.
ORIENTAIS, ESTAMOS AO ORIENTE DO ORIENTE.
OCIDENTAIS, ESTAMOS AO OCIDENTE DO OCIDENTE.
SOMOS NÓS O ORIENTE DO ORIENTE,
SOMOS NÓS O OCIDENTE DO OCIDENTE,

Nada de vós poderá nos guiar.

Diziam os profetas antigos, repetem os contemporâneos e os medievais: “Poetas, poetas! Cantar o mar é ser poeta, viver é ser marinheiro.”. Agora, poetas, poetas, vedes: marinheiros sois.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

pra continuar temos que fazer ter valido a pena.
faça ter valido a pena, a dor, a morte e a falta de amor.
não economize criatividade, sinta, pense o que pode ser diferente
e seja.
é amor que preciso.
pouco
tudo
quanto
o mais
inciso.

quem quiser de amor um todo
terá tudo como primeiro
e um terceiro momento renasce
do segundo que findou ao meio
o receio da lua que passe
pesadelo de nuvem repouse
outro ar outro vento outra face
não explico não corrija
o que não digo é outra coisa
outra coisa que foi e não trouxe
não há por que checar o enlace
checar o que escrevo o que penso
que escreve não pensa
tira de mim esse cobertor
cobre minha pele de flor e de renda.
 
onde está o que as três da tarde se desaninha?
vem, que a poesia é minha
amante primeira.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

quem cala, consente.


‎"Nada é o que parece e o que parece basta para nós.", me diz Thereza. Procuro me entender a partir de suas palavras, e digo:

saí isolada e torpe feito armadilha de destino falso. sorte, falta-me tudo. não consigo amar "o mundo" se não tivermos nós, eu e "ele", o mesmo tamanho.  - não fui eu quem escolheu o gênero, foi a língua portuguesa em seus ancestrais. como negar que os dominantes sempre foram macabros? bebo do meu próprio sangue até esgotar a morte que se contrai destino. acabo viva, acabo: diminuo aos poucos até que se dê por inexistente. acabo viva, com olhos abertos assisto o sentido do instante que passa, no sem sentido do outro que já passou. e o mundo é pequeno:
- multidão de esmolas, a dor indica a opção pela alegria sem reservas.
o que fazer com tudo isso? mergulhar na piscina vazia? confessar contradições? não quero saber do último sepultamento para não sofrer duas vezes. e quando eu morrer, por favor, me esqueça. a morte humana já foi vista de forma tão banal e cruel por tantas vezes no mesmo palco, quase as mesmas personagens e a cena principal é a narrativa da morte. não acredito mais quando me dizem que sofrem. é tudo mentira egoísta: separo "o mundo" entre eu e "ela".
falo da mulher que pensei que me faria acreditar na singularidade da diferença. mas ela é vazia, e o vazio é indiferenciável. então, aprendo a ser indiferente por sobrevivência. a falta de amor mata a eternidade. noiva muda como estátua de mármore branco, fria e sem som, nua e sem movimentos, pedra que me servirá de banco quando os pulsos quebrados não suportarem o peso do meu descanso.
a falta de amor mata a eternidade.

mais uma sobre o amor


o que será o amor? o que silencia por que não se quer viva, ou o que fala por que não se acredita dizer? o amor roubaria alguma coisa, surpreendentemente? o que seria o amor? o enjôo, a falta, o equívoco, o pensamento do avesso? o que seria o amor? o vôo, os pés, o vinho, as fitas, as fotos, a dúvida? onde haveria de estar o amor? de onde devia emanar? como foi aparecer? ou já existia? claro, já existia, isso é óbvio. desde que existe passado. mesmo que seja de outro jeito pensado, existia, pelo menos, de outro jeito.
em paz. o que não principia, não acaba.

corpo que eu posso dar


entreguei meu corpo
por que é o mais significativo
completa 
até o que me consome mais bruta.
vive
recebe de novo
recebe mais
recebe melhor do que eu posso dar

supreendente - pelo índice

entre os homens sou mulher
entre as trans sou Pomba-Gira
entre as mulheres sou eu quem quer.
preferencialmente com múltiplas alterações
surpreendentes.

para que eu te ouça, fale sentindo comigo

"passa, passará, quem detrás ficará, a porteira está aberta para quem quiser passar. seu martin pescador, dá licença de eu passar, o primeiro, o segundo, o terceiro eu vou pegar." Cantigas de Roda de minha infância.

*
tenho exercitado escrever sendo eu mesma sujeito e objeto de análise, obviamente essa não é uma idéia minha, essa idéia enquanto proposta de vida social e política é dos Sábios Tradicionais com os quais trabalho, esse é o tempo citá-los sob a reverência que sugerem letras maiúsculas, graças ao palco histórico no qual estamos integrados. pergunto-me se nossas reflexões voltadas à terceira pessoa: ele, elas, a vida, as coisas, o medo -, não teriam um forte enraizamento na separação entre sujeito e objeto do conhecimento? a sensação que eu tenho é de que quem fala desse jeito se pretende sujeito transcendental. cansei disso. quero ouvir quem é capaz de me falar sobre o medo sentindo medo comigo.
*
abre-se as páginas da existência, lê-se árvores, córregos, vento, pedras.
é preciso abrir as páginas da existência e dar-se ao Tempo.
*
tem coisas que me chamam. às vezes a gente responde. é tão bom responder a um chamado que nos encante. ainda estou atenta a isto. outro dia quero que tudo, absolutamente tudo, seja encantamento em minha vida. daí toda a direção será um êxtase. saio sem avisar quase em suspenso como a distância entre o infinito e o olhar, e volto sem avisar por que chego brotada de dentro, de dentro de ti. isso é amor.
*
pra quem escrevo? escrevo pra quem quiser ouvir como "um sôpro de Jazz".

*

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

quando eu te amar
vou parar o tempo e o espaço
vou voar pra todo lugar
vou expandir, vou me espalhar
pra chegar aqui.
talvez eu pare de escrever,
prefiro te ouvir cantar.
Somos Equívocos acertados. Sempre nos acertamos enquanto vivemos. Se choramos, acertamos. Se sorrimos, também. É assim que somos, perfeitos. Isso é parte de um jeito de ser em paz com o erro, em paz com a homogeneidade, em paz com o acerto, em paz com a diferença. por que igual e diferente entre gêneros, é nada. Podemos conhecer mais detalhadamente a diversidade em oito bilhões de partes [quanta gente tem no mundo, mesmo?]. O que é nada pro rei, pra cada gente da paisagem em si e em todos, diferentes, diferente é lei.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

silêncio, propaga-se a eternidade
canta, acolhe-se o fim
acaba, canta-se o eterno
eterniza, movimentos cíclicos, espectros, matizes
nada necessito.
o que não sei dizer. aprendo a desejar contigo.
te ouço dizer em minha consciência mais remota que consigo acessar quando estou em ti:
'meu coração como cordilheiras de montanhas partiu-se mil vezes criando fendas que criam vales que criam córregos de rios que criam a canoa que me cria e me leva até a amor. sejas tu amor que concebe coração-inteiro para que eu permaneça em ti, sem fim.' .
eu, digo sim. sim, sôo palavras da tua boca ditas pela língua da minha canção. sôo o amor que acolhe em belezas generosas tu-canoa e desenha linhas curvas de-água e areia-aporte aos teus pés. anda nessa praia que flutua. sôo eu-areia-sereia-nua-de-luz-alada, ser da tua face encantada, da-tua palavra lançada: êxtase. sorri e dança e canta e vive e ama como sol, estrelas, veios sem fim que deslizam leite nas tuas vértebras-coluna-marfim-ereta. mergulho-ângulo detuas coxas fartas, sôo flauta em sôpro-contínua Mirió em ti. eternidade prescinde ao fim.

domingo, 2 de janeiro de 2011

reflexos da sombra do vento

te digo o que me diria a fogueira do oriente
ouço de ti o que te diria a terra do sol
sendo assim, não sei se consigo te dizer algo
que já tenha te sido dito,
a eternidade vê o tempo sem reflexos da sombra do vento.