"Nada é o que parece e o que parece basta para nós.", me diz Thereza. Procuro me entender a partir de suas palavras, e digo:
saí isolada e torpe feito armadilha de destino falso. sorte, falta-me tudo. não consigo amar "o mundo" se não tivermos nós, eu e "ele", o mesmo tamanho. - não fui eu quem escolheu o gênero, foi a língua portuguesa em seus ancestrais. como negar que os dominantes sempre foram macabros? bebo do meu próprio sangue até esgotar a morte que se contrai destino. acabo viva, acabo: diminuo aos poucos até que se dê por inexistente. acabo viva, com olhos abertos assisto o sentido do instante que passa, no sem sentido do outro que já passou. e o mundo é pequeno:
- multidão de esmolas, a dor indica a opção pela alegria sem reservas.
o que fazer com tudo isso? mergulhar na piscina vazia? confessar contradições? não quero saber do último sepultamento para não sofrer duas vezes. e quando eu morrer, por favor, me esqueça. a morte humana já foi vista de forma tão banal e cruel por tantas vezes no mesmo palco, quase as mesmas personagens e a cena principal é a narrativa da morte. não acredito mais quando me dizem que sofrem. é tudo mentira egoísta: separo "o mundo" entre eu e "ela".
falo da mulher que pensei que me faria acreditar na singularidade da diferença. mas ela é vazia, e o vazio é indiferenciável. então, aprendo a ser indiferente por sobrevivência. a falta de amor mata a eternidade. noiva muda como estátua de mármore branco, fria e sem som, nua e sem movimentos, pedra que me servirá de banco quando os pulsos quebrados não suportarem o peso do meu descanso.